segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lembranças #2

Estava chovendo muito lá fora. Saí da estação Consolação do metrô e fiquei lá esperando a pessoa em questão. Encostei no vidro que separa a calçada da estação. Fiquei por longos minutos olhando o movimento e as pessoas desesperadas por um guarda chuva de cinco reais que um senhor banguela oferecia. Um grupo de biscates ficava gritando e rindo alto. Que demora! Porra! Vou pra casa. Uma sms. Leio: Vou atrasar um pouco, beibe. Beibe? Com que liberdade me chama assim? Mal nos conhecemos. Era o nosso segundo encontro. Ok, mantive a minha calma e fiquei lá. Passado alguns segundos vejo a pessoa caminhando até a minha direção, com um sorriso de culpa no rosto. Fecho a cara e reparo em como sua camisa xadrez é bonita. Perfume bom. Gostoso (Até hoje, sempre que sinto alguém com esse perfume eu me lembro dessa pessoa). Isso faz quanto tempo? Foi em meados de novembro. Naquela época eu saía com três pessoas ao mesmo tempo. Nenhuma das pessoas sabia da outra. E isso me dava um trabalho enorme. Era um sacrilégio ter de lembrar os nomes de cada um, sem errar. Eis que naquele dia me aconteceu uma coisa especial. Poucos dias antes eu havia recebido uma mensagem desta pessoa (a da camisa xadrez), que dizia: Vou te dar um presente essa semana. Pensei que isso era uma coisa muito estranha. Não dou presentes pra quem mal conheço. Na verdade não dou nem pra quem conheço há muito. Mas achei curioso e rsolvi ir lá ver qual que era a desta pessoa (estava perdidamente apaixonado por mim, sem querer ser pretencioso, mas eu sentia). Dos três era o que mais gostava de mim. E era o que eu menos gostava. Fomos caminhando até o SESC. Segundo ele, o mezanino era agradável de ficar e tocava jazz naquele dia. Não gosto de Jazz e nem gosto de coisas muito piegas. Mas fui. Chegando lá bebi duas garrafas de cerveja e um sanduíche de queijo branco com tomate. No meio da conversa, ele vira e diz: Posso fazer uma coisa que estou com vontade de fazer há muito? Pode. Respondi (já sabendo que iria me beijar). Um beijo comum. Muito melado e existia espinhas ao redor da boca, o que me deixou enojado. Posso te dar o presente que eu disse que ia te dar? Pode, respondo eu, louco de curiosidade, já que ele não carregava nenhum pacote nos braços. Me colocou de pé da cadeira e me levou até a beira do balaústre do mezanino. Te dou a cidade de São Paulo inteirinha. Lá de cima eu podia ver tudo, a Paulista inteira e suas luzes piscando sem parar. A chuva fina que caía me trazia um clima ainda mais bonito. As luzes borravam com a mistura de água mais iluminação. Me senti quente por dentro naquele momento. Mas a amargura que me seguiu foi horrenda. Eu só usava aquela pessoa, e me senti um garoto horrível por dentro.

2 comentários:

  1. Mezanino?
    Num é no íltimo andar não?
    Mezanino num dá pra ver nada, não.








    Sou safada, fiz o mesmo pra Japiranha =D

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  2. mezanino sim. é onde tem aqueles pc's lá em cima.
    tem uma "sacadinha" que dá pra rua...

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