quinta-feira, 29 de outubro de 2009

loucura

Um desejo súbito de não existir mais nesse mundo tomou conta de sua mente naquela manhã de domingo. Esse sentimento estendeu-se por todo o dia. Sentia que não pertencia a este mundo e que ninguém, realmente, o queria aqui. Ele não queria ver ninguém e ninguém queria vê-lo, na sua concepção. O pensamento de ser alguém completamente dispensável o perturbava. Quero morrer. Mas eu vou ficar sozinho sem você. Logo você arruma outro...é assim que as coisas são. Um copo de refrigerante para ver se a cabeça esfriava um pouco essas idéias. Não funcionou. Outro cigarro. A dor ainda estava lá. Sentia falta de seu pai e de sua infância. Uma ligação estranha e monossilábica. Não, eu não estava bem. Não queria magoar ninguém. Ele merecia ser deixado de lado para sempre. Mas essa idéia o corroía por dentro, como ácido destruindo as partículas sólidas de alimento quando estas chegam ao estômago. Ausência de fome. A coisa então é grave. Oh my god...cantava uma mulher pelo som que saía de seu computador. Oh my god! É realmente o que ele pensava. O que acontece: Nada está tão errado para ficar assim. E por que estar: Masoquismo: Não se sabe. Mas é um fato que ele não está bem. Deve ser um início de surto. Uma noite mal-dormida, apesar das longas horas que passou na cama. Aquele pensamento ainda estava na sua cabeça. Sexta eles voltaram com força total. Aquela sombra foi novamente vista. A segunda vez no ano. E novamente ele ficara mal com isso. Um filme passou em sua cabeça doentia e sedenta por dor. Aquele triste filme que o persegue há dois anos. Já se fazem dois anos que isso aconteceu: Como o tempo passa rápido. Ele digita palavras sem sentido que apenas saem de sua cabeça. Exteriorizar os sentimentos, como dizem algumas pessoas. Embora ele duvide que essas palavras vazias têm algum valor. Oh my god! (Essa música é tão legal) Euforia. Balance a sua cabeça ao som da música. Mais um cigarro. Por que ele deveria parar de fumar como todos querem: O cigarro o entendia como poucas pessoas. (Precisa-se de um maço novo). Talvez ele realmente fosse sozinho, como desconfiava em segredo.

Ausência de choro

Ontem antes de dormir, me atentei a um fato estranho. Há quanto tempo eu não choro? Não soube me responder isso. Simplesmente fiquei parado, olhando para o teto e tentando me lembrar quando foi a última vez em que derramei lágrimas. Você deve estar pensando que minha vida é um mar de rosas, mas muito pelo contrário. Na minha vida nada é fácil e eu teria sim, alguns motivos para chorar. Mas me sinto incapaz para isso. As vezes as lágrimas sobem aos olhos, mas perdem a força na hora de sair. Eu sinto muita tristeza, frequentemente, mas não consigo chorar. Suponho que faça um semestre que eu não choro verdadeiramente. Na verdade, há algumas semanas atrés eu quase chorei. Um único par de lágrimas caiu.

Sei lá...acho estranho.
Se eu conseguisse chorar, acho que me sentiria aliviado muitas vezes.
"O asfalto seco da cidade parece ter se esquecido das estações do ano. Não ouço nada por causa dos zumbidos das cigarras...
Não vejo nada, porque tudo se confunde no calor que se levanta do asfalto...
Não há ninguem no cruzamento, mas viro para trás e só vejo sua sombra...
Estico o meu braço e só sinto o calor do seu corpo que logo some , e uma brisa branda me empurra para frente...
Não nos tocamos, não nos olhamos...
Mas os caminhos se encontram em algum lugar distante...
Atravessamos céus repletos de enigmas que seguem até o breu da noite onde o sol se põe sobre um conjunto de prédios, mesmo que não possamos ver..."

Você gosta dessa cidade?

Se tem uma coisa que eu aprendi ao longo da minha breve extsência é que a cidade nunca pára quando estamos mal. As vezes pode soar como uma crueldade. Puxa! Como assim? Eu estou com toda essa dor entalada dentro de mim e todos ainda continuam suas vidas como se eu não existisse. Mas essa é a v erdade crua e nua. Ninguém sabe que você existe e pouco se interessam por saber. Você é só mais um anônimo. Você respira o mesmo ar que essa gente toda, mas ao mesmo tempo você não compartilha absolutamente nada com quem quer que seja. Você está sozinho e a solidão vai te seguir até o fim da sua vida. Ser humano...naturalmente solitário. A cidade é cinza em todos os sentidos possíveis. Figurado ou literalmente falando. Já me acostumei a esse caos todo, e por incrível que pareça, acho que até gosto. A cidade me camufla e eu não preciso ficar fingindo o tempo todo, porque eu nem estou lá. Ao mesmo tempo que estou. Na verdade ninguém nota. Quantas vezes fiquei encanado achando que alguém estava me encarando, quando na verdade a pessoa estava fitando um vazio? A cidade é assim. Por mais que eu morra na frente de alguém, ninguém irá me socorrer. E você? Gosta de São Paulo?

Quando Praguejento resolve ser sentimental: ATÉ PARECE QUE IA DAR CERTO!!!

Vou contar-lhes mais um típico episódio de Até Parece que ia Dar Certo. Como todo mundo sabe, eu sou a pessoa mais defeituosa para demonstrar meus sentimentos. Ainda mais quando o meio de comunicação utilizado é a fala (eu gaguejo e fico com voz cu). Eis que ontem, eu estava de bobeira em casa (faltei no trabalho novamente) e resolvi ligar pra pessoa em questão e dizer o quanto ela era importante para mim. Isso do nada, sabe quando você simplesmente sente necessidade disso? Pois bem, assim o fiz. Liguei. Quando a pessoa atendeu o telefone, percebo uma gritaria imensa em volta, risadas, parecia uma festa. Ignorei o fato e comecei a falar o que tinha para falar: "Queria dizer o quanto você é importante para mim e o quan to você me faz falta, quando não te vejo. Adoro você e estou feliz do seu lado" (eu me lembro exatamente as palavras porque eu ensaiei tudo mentalmente antes de ligar) e como até parece que ia dar certo, eu só ouvi uma gritaria INFERNAL e a pessoa rindo, mas não era uma risada comum. Era risada de gente bêbada. Falava e falava e falava sem parar. Mas não falava comigo, falava com as pessoas que estavam em volta. A ligação caiu e eu tornei a ligar para terminar o que eu estava falando. Quando uma menina atende e responde: ELE NÃO QUER FALAR COM VOCÊ. OK, até parece que ia dar certo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Fato - Lembrança #1

Qual a sensação de ser abraçado forte por alguém? No meu caso é uma sensação quase indescritível. Sempre gostei muito do toque físico, e talvez por isso sempre deixei de fazê-lo. O toque me assusta e quanto mais eu quero ser tocado, mais eu reprimo essa vontade. Costumam me chamar de "Frio". Mas eu nunca concordei com esse termo. O toque as vezes pode ser tão agressivo e tão suave, ao mesmo tempo, que eu tremo. Não sei se alguém já reparou em como eu tremo quando sou tocado. Não estou acostumado com isso. Cresci num lar em que o toque físico não era algo comum. Não nos tocávamos e éramos felizes daquela forma. Até o fim da minha adolescência, eu raramente era tocado. Não existia o costume de abraços e muito menos de beijos. Depois da adolescência, época em que começaram os namoricos, eu fui aos poucos aprendendo a conviver com o toque. Lembro daquele dia em que eu me espantei comigo mesmo ao perceber o calor que saía de um corpo e atingia o outro, em proporções bizarras. Eu estava bêbado (porém muito lúcido, contraditório né?) e aquela pessoa estava me guiando pelas ruas, enquanto eu tentava fazer qualquer tipo de arruaça possível, só para chamar a atenção. Até que a pessoa olhou pra mim e disse: "Pára com isso, você é tão lindo. Fica feio desse jeito" e colocou os braços, inocentemente, em torno dos meus ombros. Senti um calor imenso saindo de um corpo para o outro. O efeito do álcool começou a se dissipar rapidamente e eu olhei para aquela siuação e senti pânico. Não estava acostumado com aquilo e tudo era muito estranho para mim. Mas era bom. Eu não tremi naquele dia. Meus dedos corriam as suas costas e minhas mães estavam firmes e sem nenhum sinal de tremelique. Senti orgulho de mim mesmo.

Fato #1

A pior coisa na vida de uma pessoa anti-social, como eu, é a presença de gente estranha em casa. Há pouco mais de um ano uma mulher se mudou para a minha casa. Ok, minha mãe chegou em mim e perguntou: Ela pode vir morar aqui? respondi que sim. Ainda não sei porque fiz essa besteira, mas me arrependo profundamente disso. Apesar de que, desconfio que se eu tivesse me oposto a essa idéia, ela estaria morando lá da mesma forma. No começo tudo era muito estranho, e eu passava as minhas tardes (eu não trabalhava ainda) tentando parecer simpático e as vezes até levava a mesma para conhecer a cidade (ela é carioca da GEMA, eca!). Ela sempre se mostrou muito interessada em tudo, sempre atenta e sempre contente. Acho que esse último motivo é o que mais me irrita. Imagina uma pessoa muito contente, muito "alto-astral", muito tudo. Argh! Ela nunca me tratou mal. Nunca foi grossa comigo e sempre foi relativamente simpática. Mas eu sinto como se ela tivesse invadindo o meu espaço. Sempre amei a minha mãe como ninguém nesse mundo e ela chegou para tirar a minha mãe de mim. Depois que ela chegou eu nunca mais consegui conversar com a minha mãe, e ela parece nunca ter tempo para mim. Quando quero conversar sozinho com a minha mãe, eu preciso dizer: fulana, dá licença um pouquinho, por favor? Isso é um horror.

Hoje me aconteceu uma coisa muito chata. Estou de dieta e é muito difícil segui-la, no meu caso. Para isso comprei uma garrafa de pepsi light, para quando der vontade de doces. De manhã antes de ir para o trabalho, abri a geladeira para tomar um copo de pepsi e para o meu espanto (adoraria ter visto a minha cara naquela hora) a garrafa não estava mais lá! Estava debaixo da pia. E VAZIA!
Isso foi a gota d'água. Assim que meu pagamento cair eu estarei me mandando daquela casa. Já até sei onde vou ficar, em ultimo caso. Conheço um hotel na Penha que custa 15 reais a diária. Isso é uma certeza e nada mais vai fazer eu mudar de idéia.

Só sinto muito... sinto muita falta da minha mãe. Para mim é como se ela tivesse morrido. Não é mais a mesma coisa e nunca mais será. Já cheguei a desejar que aquela mulher largue a minha mãe...para sempre. Mas ao mesmo tempo me lembro, que infelizmente, ela a faz feliz. E tudo o que eu menos quero é minha mãe infeliz e com depressão de novo. Solidão. Esse sempre foi o mal do ser humano. Uma criatura tipicamente solitária.

Sinto falta do meu pai...de como as coisas eram. Meu pai sempre me xingou de coisas muito pesadas, sempre me bateu, sempre me deixava marcado com os seus ataques de fúria repentinos. Mas ele me dava carinho. Até que um dia ele foi embora de casa...

Que coisa mais chata. Me abri para um blog.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lembranças #2

Estava chovendo muito lá fora. Saí da estação Consolação do metrô e fiquei lá esperando a pessoa em questão. Encostei no vidro que separa a calçada da estação. Fiquei por longos minutos olhando o movimento e as pessoas desesperadas por um guarda chuva de cinco reais que um senhor banguela oferecia. Um grupo de biscates ficava gritando e rindo alto. Que demora! Porra! Vou pra casa. Uma sms. Leio: Vou atrasar um pouco, beibe. Beibe? Com que liberdade me chama assim? Mal nos conhecemos. Era o nosso segundo encontro. Ok, mantive a minha calma e fiquei lá. Passado alguns segundos vejo a pessoa caminhando até a minha direção, com um sorriso de culpa no rosto. Fecho a cara e reparo em como sua camisa xadrez é bonita. Perfume bom. Gostoso (Até hoje, sempre que sinto alguém com esse perfume eu me lembro dessa pessoa). Isso faz quanto tempo? Foi em meados de novembro. Naquela época eu saía com três pessoas ao mesmo tempo. Nenhuma das pessoas sabia da outra. E isso me dava um trabalho enorme. Era um sacrilégio ter de lembrar os nomes de cada um, sem errar. Eis que naquele dia me aconteceu uma coisa especial. Poucos dias antes eu havia recebido uma mensagem desta pessoa (a da camisa xadrez), que dizia: Vou te dar um presente essa semana. Pensei que isso era uma coisa muito estranha. Não dou presentes pra quem mal conheço. Na verdade não dou nem pra quem conheço há muito. Mas achei curioso e rsolvi ir lá ver qual que era a desta pessoa (estava perdidamente apaixonado por mim, sem querer ser pretencioso, mas eu sentia). Dos três era o que mais gostava de mim. E era o que eu menos gostava. Fomos caminhando até o SESC. Segundo ele, o mezanino era agradável de ficar e tocava jazz naquele dia. Não gosto de Jazz e nem gosto de coisas muito piegas. Mas fui. Chegando lá bebi duas garrafas de cerveja e um sanduíche de queijo branco com tomate. No meio da conversa, ele vira e diz: Posso fazer uma coisa que estou com vontade de fazer há muito? Pode. Respondi (já sabendo que iria me beijar). Um beijo comum. Muito melado e existia espinhas ao redor da boca, o que me deixou enojado. Posso te dar o presente que eu disse que ia te dar? Pode, respondo eu, louco de curiosidade, já que ele não carregava nenhum pacote nos braços. Me colocou de pé da cadeira e me levou até a beira do balaústre do mezanino. Te dou a cidade de São Paulo inteirinha. Lá de cima eu podia ver tudo, a Paulista inteira e suas luzes piscando sem parar. A chuva fina que caía me trazia um clima ainda mais bonito. As luzes borravam com a mistura de água mais iluminação. Me senti quente por dentro naquele momento. Mas a amargura que me seguiu foi horrenda. Eu só usava aquela pessoa, e me senti um garoto horrível por dentro.

Lembranças #1

Acordo cedo com um SMS. O barulhinho estridente do meu celular me desperta com um pulo de susto. Olho para o monitor iluminado do aparelho, meus olhos ainda cegos de sono conseguem enxergar palavras aleatórias. Largo o celular no chão mesmo, fazendo um barulho que faz a minha irmã se mexer no quarto ao lado. Como por instinto eu imaginei de quem fosse a mensagem e de quem se tratava. Não, não queria te ver hoje. Hoje não. Reúni forças e peguei novamente o aparelho do chão. Li calmamente cada uma das palavras e automaticamente comecei a digitar palavras-resposta para aquela palhaçada toda. Porque diabos eu sempre combino coisas com pessoas que eu sei que não quero ver mais? Porque nunca sei dizer um simples não? Um não não é tão absurdo assim quanto parece. Eu mesmo já escutei "não" quinhentas vezes e cá estou digitando essas merdas. "Estou gripado, adoraria ir lá com você hoje. Desculpa". Cinco minutos se passam e lá está meu celular tocando. Simplesmente não quero atender. E não atendo. Uma chamada perdida. Espero que não ligue de novo. E como uma leitura de pensamentos travando uma guerra, eis que o aparelho toca novamente. Olho com ar de cansaço para o coitado do celular e finalmente pego-o do chão. Simulo a voz dolorida mais convincente que consigo e recuso o convite inventando uma história qualquer. Odeio magoar as pessoas. Mas eu esqueço que, caralho, já fui magoado diversas vezes.
O dia se passa como uma sucessão de fatos preguiçosos e eu sinto vontade, do nada, de sair. Não posso retomar meu plabno inicial. A mentira já foi inventada, ninguém acreditaria nela. Eu precisava me perder nessa cidade imensa, eu queria isso. Estava me sentindo bonito, coisa que raramente acontece. Senti que conseguiria qualquer pessoa naquela tarde. Entrei na internet. Maldita internet. Perigosa, porém excitante. Entrei em um bate papo e não demorou para começar uma conversa com alguém. Altura mediana, oriental, 31 anos, classe média. Pediu meu número. Por alguma coisa que não sei o explicar, já que nunca faço isso assim tão rápido, passei meu contato. Na mesma hora me ligou e eu disse: Você tem dez minutos para me convencer a sair com você. Embora eu soubesse que eu, com certeza, acabaria indo. Um pouco de charme sempre é bom. Escutei mil motivos. Não dei ouvido a nenhum deles, mas aceitei o convite assim mesmo. Cio. Estava no cio e eu precisava de alguma forma de afeto físico. Melhor ainda se a fonte de carinho fosse de alguém mais velho. Uma coisa meio de pai e filho. Marcamos um horário e uim local. Na frente do centro cultural vergueiro as 18:00. Cheguei vinte minutos mais cedo e fiquei lá sentado, fumando e mexendo no celular. Um carro pára na minha frente e eu logo imaginei que fosse quem eu estava esperando. Dito e feito. Entrei no carro e comecei a falar. Do nada. Não costumo falar da minha vida para estranhos, mas naquele dia eu resolvi falar. E falei. Me servi de um cigarro inglês e forte para caralho. Gostoso. Senti uma mão na minha coxa. Gostoso. Quando percebi estava beijando uma pessoa estranha, inclinado na direção do banco do motorista. O trânsito parecia parar para ver. Mas ninguém estava dando a mínima. Claro que não. Tudo foi muito rápido. Fui deixado na estação Barra funda e de lá caminhei sem rumo. Eu não queria ir para o inferno da minha casa. Tudo seria melhor do que ficar lá sozinho. Caminhei poucos metros e me vi de frente a um galpão enorme e famoso que eu não sei o nome e estava oferecendo um evento. Entrei e fiquei lá fumando e obsevando as pessoas. Sozinho. Vazio. Comprei duas camisetas e voltei para a estação. Fui para casa. Comprei um pão doce recheado de geléia de morango. Gostoso.

...

Vou dormir. Recebo outra mensagem pouco antes de deitar. "Melhorou?"

"Acho que não muito... Fiquei deitado o dia todo"

Como um punhado de areia que escapa entre os meus dedos

Te vejo cada vez mais longe. Ainda perto, porém cada vez mais distante e longe. Me sinto parado em relação à velocidade das coisas que acontecem no meu exterior. Queria poder acompanhar tudo isso, queria ser potente o suficiente para conseguir segurar tudo isso em minhas mãos. Mas vejo que isso não faz parte da minha realidade. Não, não estou desistindo. Infelizmente não sei o que fazer. O meu jeito foi feito para, unicamente, me deixar sozinho no fim. Não sei se o fim está próximo, mas sinto que ele se aproxima a cada período. As vezes tento deixar de ser assim, simplesmente procuro abandonar os meus fantasmas. Mas eles, por fim, sempre me encontram e me abraçam novamente. Por alguns instantes eles me fascinam e eu acredito verdadeiramente que só existem eles nesse mundo. O mundo que eu criei está cada vez mais insuportável, está escuro e muito fedido. Cheira a coisa podre, assim como eu estou me sentindo por dentro. Por longos dias eu me senti uma pessoa limpa, uma pessoa boa, uma pessoa linda. Você fez eu me sentir assim. Mas já não está mais fazendo o mesmo efeito. É como um medicamento que você começa tomando tal quantidade e ele te faz super bem, mas com o tempo o organismo se acostuma a ele e já não reage com tanta intensidade assim. E logo, você percebe que precisa de mais. Sempre muito mais. Mas quando você começa a insinuar que precisa de uma nova dose, o fornecedor já não quer mais o seu bem. Ele simplesmente some. Mais uma vez me encontro sozinho. E eu poderia ter feito algo, mas não consegui encontrar força alguma para tal. Tudo me parece tão familiar, mas ao mesmo tempo tão assustador. Talvez não devêssemos tomar a decisão que tomamos. Eu sou água suja. Você é vinho. As vezes penso que você merece algo muito melhor do que um garoto triste. Mas a idéia de te imaginar com alguém (que não seja eu) me sinto enjoado e com vontade de vomitar. Como sempre digo, nada é por acaso e um dia eu terei que sair para dar lugar a outro. Já disse que não acredito em "para sempre" né? Ainda mantenho essa opinião. Mas desde que te vi pela primeira vez, eu pensei: Quero casar com essa pessoa. Isso pode parecer engraçado, mas é um avanço enorme para mim. Depois de um período escuro da minha vida comecei a acreditar que eu havia secado completamente. Só tenho uma pergunta? Quanto tempo ainda tenho para o "tarde demais"? Queria poder dar um jeito em tudo isso. Sei que você deve estar me achando um idiota que só sabe viver triste. Acho que você tem razão. Queria ser melhor para você. Queria ser um pouco menos triste. Existe gente triste por natureza? Isso é doença? Como se cura?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Especial pra ninguém

Você já acordou com aquela sensação de que você não é ninguém especial pra niguém? Hoje acordei assim. Talvez eu não seja mesmo, talvez tudo não passe de uma idealização da minha cabeça e da minha necessidade real. Você anda, trabalha, come, caminha, escuta músicas, movimenta-se, nenhuma ligação, você dança, se agita sozinho no meio da casa, conversa com os vizinhos, nenhuma demonstração de afeto. Nada, nada pode ser considerado alguma coisa relevante.
O passado não é uma coisa que se apaga assim tão fácil. Hoje mais uma vez me peguei pensando em coisas que se passaram e que eu já deveria, por um decreto, ter excluído de vez da minha mente. Não aquele tipo de lembrança que se sente saudade, embora não sejam lembranças ruins, mas aquele tipo de lembrança ainda pior. Aquela que te arrasta para um vazio imenso, um vazio que não parece ter um fim. E novamente você se vê naquele estágio desesperador, por alguns breves instantes, mas que lhe é tão familiar e você tanto quer assassinar. As memórias que me machucam poderiam ser simplesmente corpos vazios, em que eu sem cerimônia alguma usasse para estrear o meu punhal que ganhei da minha vó no natal.

A vida me parece perigosa hoje. Riscos a correr. Muitos riscos, um a cada esquina diferente. Muitos cigarros a serem acesos, lágrimas não existem mais.
Eu só queria que eles fossem embora. Ou que fossem mortos e ficassem enterrados em um buraco de onde nunca deveria ter saído. Se é que eles já estiveram em um buraco.

Tudo me parece estranhamente cinzento hoje, embora o céu esteja azul e o dia esteja lindo. Não há beleza alguma em nada. Hoje é só mais um dia qualquer.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Chorei no metrô de novo.

E fiquei pensando nas mil formas de suicídio novamente.Pq Deus leva pessoas bonitas, felizes e cheias de vida embora, e me deixa aqui, com esse desejo de não mais existir, porém covarde o suficiente para não fazê-lo?

Juro que tinha um texto enorme em mente sobre como no dia que fiz 20 anos e meio eu percebi que sou a pessoa mais sem sorte pra porra nenhuma e q só dá e nada recebe, blá blá blá... mas digitar não tornará tudo belo e cor-de-rosa.Foda-se.Nada do que eu me esforço pra ter eu ganho nessa porra.Sentei e assisti minha vida passar.Simples assim.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

GRRRRR!

To com uma puta vontade de virar pro faveladinho do Fabrício, com a maior cara de demônio do mundo, e dizer:

"Se eu te pegar pausando minha impressão eu vou te dar na orelha, seu filho da puta!"

Oi

Mamãe descobriu, a casa caiu!

sábado, 10 de outubro de 2009

Ontem

Tive uma quase DR;
Vi Dánilo;
Fumei mais cigarros do que nos dias anteriores da semana;
Dormi sem jantar;
Comi bolacha Diet que eu comprei pra mulhé me dar de presente;
Comprei bichinhos da Polly pra dar de presente de dia das crianças pra minha cunhadinha;
Comprei uma massinha pula-pula roxa e verde pra criança que namora comigo;
Derrubei a massinha na cerveja;
Salvei Julia de mijar nas calças;
Tive que pedir dinheiro emprestado pra pagar meu almoço porque "Até parece que ia dar certo!" senão, eu teria que ficar lavando pratos no restaurante;
Sai dou trabalho e fui pega de surpresa pela minha namorada que havia combinado préviamente com o Vini pra me manter aqui, caso ela não chegasse a tempo de me encontrar na saída. A-d-o-r-o!
Um cliente da copiadora (Djalma) fez interlace na cabeça.. ta parecendo o Silvio Santos pobre.

Sou safada!

Vou domir na casa da sogra amanhã! Acho tendência desvirtuar o lar alheio.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

:)

Eu não vejo a hora de chegar amanhã!
Mal posso esperar para ver aquele sorriso lindo de novo, e de dormir junto com alguém que eu realmente gosto.

Hoje essa pessoa não está muito bem. As vezes eu queria ter o dom de tirar a tristeza das pessoas, nem que eu tivesse que passá-las à mim. Não me importaria. Eu digo que quando eu gosto de alguém, eu realmente GOSTO.

Medo

O passado está me assustando. Todos os dias ele tem dado as caras para estragar o meu dia. Sempre me lembro de tudo o que me aconteceu e como aconteceu. Coisas que eu não consigo expressar com meia dúzia de palavras. Todas as pessoas que eu gostei de verdade a vida sempre me levou embora. Já sai com muitas pessoas, e todas as vezes que saia com alguém diferente, por mais bonita e interessante que fosse, eu ainda assim voltava pra casa...pensando no metrô: "Vazio. Ainda continuo Vazio".

Duas pessoas marcaram a minha vida. De uma forma tão avassaladora, que até hoje eu ainda me pego pensando em certas coisas...e como tudo aconteceu. Pessoas que eu realmente gostei e simplesmente foram embora e eu nem tive tempo para lutar por isso. Apenas continuei parado, olhando a silhueta diminuindo a cada passo. Chorei muito para conseguir me curar disso tudo. Hoje em dia não choro por mais ninguém, costumo dizer erroneamente. O que de fato já aconteceu recentemente e eu me senti um completo idiota. Posso dizer que estou numa fase boa. Estou apaixonado por alguém, e acredito eu, estou sendo correspondido. Gosto muito dessa pessoa eu não tenho a mínima pretenção de deixá-la fugir assim do nada. Quero para mim e por incrível que pareça, e por mais ingenuo que isso pode soar, essa pessoa tem tudo o que eu quero. A cada dia que passa fico mais apaixonado. Hoje conversei com uma amiga e disse que eu estava com medo de perder essa pessoa, que eu estava achando que eu estava sendo deixado para trás e que logo logo essa pessoa iria me abandonar sem mais nem menos e que eu estava morrendo de medo. Me senti aterrorizado só de pensar na hipótese. Mas ao mesmo tempo em que conversava com ela, abri minha caixa de e-mail e vi o nome da pessoa lá. Abri e confesso que foi uma das mensagens mais bonitinhas que recebi até hoje. Na verdade estava escrito tudo o que eu queria ouvir de alguém. Larguei todos os meus medos bobos e digitei um texto-resposta. Espero que desta vez dê certo. Sei que todo início de relacionamento sempre pensamos que a pessoa em questão é a pessoa das nossas vidas. Mas eu sinto que dessa vez, talvez seja realmente. Quero oferecer tudo o que eu puder e receber tudo o que me for oferecido.

PS: Detalhe que nem namorando eu estou e já falo como se estivesse.

Putaria

Porque será que quando eu bati o olho e li: SEXO eu logo pensei na aline?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

SEXO.

Não se sinto confortável comigo mesma.Acho que nunca farei.

Sabe quando...

Vc poderia ter 1 zilhão de reais, as pessoas que vc mais ama ao seu redor e todo o tipo de prazer imaginável ao seu dispor e mesmo assim não estaria feliz?

Deve ser tipo uma nova modalidade de depressão, vai saber.

Fingindo não se importar, apenas fingindo

Mais um início de surto (não sei se vai ser silencioso). Mas tudo bem. Eu esperava isso desde o princípio, para ser sincero.

Sempre fazem isso. E eu acho que eu deveria andar com uma plaquinha por aí dizendo que SIM, EU SOU SÓ UM GAROTO TRISTE e nada mais do que isso.

Não respeito a burguesia.

Não respeito essas porrinhas do caralho cheias de moral do tipo:

- Nem vou fazer trabalho pq tenho manicure.
- Minha casa[no morumbi] é pequena, não vai caber todo mundo lá.
- Minha empregada não fará a janta hoje, acho que vou ter que comer algo por aqui...
- Olha essa bolsa!Paguei só 35 reais nela (ela já tem umas 15 bolsas)
- Tadinha...mó cansada...Estudou a noite toda.
* lixos espalhados em toda faculdade, sem necessidade alguma *
* falsidade em sua forma mais plena e juvenil *

Casos 100% verídicos, sendo que algumas pessoas eu gosto.Mas nem suporto essas burguesisses.

Hostilidade

Hoje eu me permito ser hostil com quem eu sentir vontade. Sempre são comigo e eu sempre fico com cara de cu.

Fui hostil com quase todos que cruzaram com o meu caminho hoje. Não, não senti um pingo de culpa.

Muarárárá!

Sei lá o que eu tô escrevendo e diga lá o porquê

Gosto de viver para mim. Fazer aquilo que tenho vontade e a hora que tenho vontade. Gosto de modificar meu jeito de tempo em tempo. Não gosto de monotonia. A noite é legal, e as vezes é gostoso cair nela e fazer coisas que você nem se lembrará. Gosto de me vestir à minha maneira, sem nada nem ninguém pra me impedir algo. Gosto de piercings e tatuagens estranhas e não gosto que critiquem-nas. Meu peso oscila a cada semana e eu não quero ter que seguir padrão algum. Gosto de músicas que muita gente não gosta e eu não quero me adaptar á nada e nem ninguém. Não quero ter a sensação de que alguém tem vergonha de andar comigo. Não quero me moldar a nada. Tenho a minha forma própria e eu até que gosto dela. Quero poder ter meu mau-humor quando eu bem entender e sem ninguém pra ficar falando: Você deve ficar bem.

Surto silencioso

Cada vez que eu me lembro de todas as coisas que já ouvi nessa vida eu penso: Homem é filho da puta.
Estou com vontade de fuzilar todos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O isqueiro e a aproximação

Você percebe que está pateticamente carente quando esconde o seu próprio isqueiro no bolso, para ter motivo de se aproximar de alguém e quem sabe assim, sair um pouco do seu mundinho.

Hoje eu fiz isso no meu horário de almoço. Estava sentado, falando no celular e desliguei. Escondi o isqueiro no bolso só pra ter como me aproximar de uma mulher de meia idade, provavelmente uma daquelas que trabalham em escritório. Ela me pareceu alegre e eu senti vontade de me aproximar dela, imaginando que ela fosse me dizer alguma coisa legal. Ela não fez. Mudou a expressão alegre que usava para conversar com seu colega de trabalho e colocou uma expressão desconfiada no rosto para se dirigir à minha pessoa. Fiquei chateado...Queria não ser eu. Nunca mais.

Assombrações

Mais uma vez eu me lembrei de certas coisas do passado. Esses últimos dias têm me assombrado com a reaparição do passado na minha mente, algo que estava há tempos esquecido. Hoje de manhã eu tive um pequeno surto interno em decorrência disso. E agora estou tendo outro. Minhas horas oscilam entre o que me faz bem e o que me faz mal. Estou um pouco cansado de me sentir assim. Meu físico está sendo afetado e neste momento meu coração está estranho, parecendo que vai pular do lugar que ele deveria permanecer e minha cabeça lateja de dor. Mais uma música e eu me lembro daquele tempo novamente. De como minha agonia foi embora quando você apareceu, exatamente como está acontecendo agora. Trocou a pessoa, mas a situação é a mesma. Não quero depender de ninguém pra ficar bem. Já reparou que eu só fico bem quando eu percebo que alguém se importa comigo? Patético.
Eu gostaria muito de não ter feito certas coisas no passado, quem sabe tudo estaria bem agora e eu poderia respirar aliviado, sem aquela sensação de que algo correrá de mim assim que eu piscar. Talvez corra mesmo...Mas dessa vez é diferente porque eu tenho consciência de que isso pode realmente fugir de mim. Tem gente que se aproxima de mim porque eu sou quieto, reservado e etc. Isso soa como um desafio para certas pessoas. Sim, já ouvi isso de alguém. E quando vêem que eu não passo de um garoto triste, simplesmente correm de mim. Fica um dilema, se fechar ainda mais? Ou se aceitar como um garoto triste logo de cara? Não sei. Juro que não sei. Me sentindo pesado, mas não pesado de gordo. Pesado de coisas desagradáveis. Adoraria tirar umas férias e ficar 30 dias consecutivos dentro do meu quarto sozinho.

Aiai

cliente me pede pra tirar o arquivo do e-mail, disquete, pen drive e um CD. O que mais ele quer?

Quer que eu encaixe um USB no cu dele e plugue no PC pra ver se sai arquivo?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Que esses Elos sejam eternos (enquanto dure esse amor...que dure para sempre)

De repente me deu uma saudade daqueles tempos de colegial. Me lembro como se fosse ontem como conheci cada uma delas. Elas, indiscutivelmente, são parte de mim. Ainda hoje, época em que estamos meio distantes um do outro, devido à correria do dia-a-dia e alguns desencontros. Mas ainda assim as tenho como minhas. Minhas garotas que eu levarei pra vida, mesmo se de repente essa amizade acabar.
Sempre terá um cantinho especial para guardar as lembranças individuais de cada uma delas. As risadas dividas, as aulas que atrapalhamos juntos, as algazarras que organizávamos no centro da Penha, as coxinhas que divídiamos, as metas, os sonhos, TUDO. Nossas vidas ficarão interligadas para sempre. O vínculo já foi criado e ele nunca irá se soltar. Os motivos mais bizarros que criaram os maiores elos da minha vida. Um passeio em comum num shopping, o gosto por desenhos e o gosto por animes.

Old Flashback #1

Sentindo-se absurdamente deprimido e triste, decidiu que precisava de algo para cobrir essa dor. Precisava e precisava rápido. Não queria ficar pior do que estava. Entrou pela cozinha escura e achou uma lata de nescau, discreta ali no canto do armário branco antiquado. Rapidamente, e sem pensar, pegou a lata e abriu a gaveta de talheres tremendo de nervoso e conseguiu pegar uma colher. Não pestanejou em enfiar colheradas do pó marrom e doce em sua boca. Tremia, mas precisava daquela sensação. Queria sentir algo entrando em sua garganta e preenchendo seu estômago. Rápido, muito rápido. A cena não podia ser pior, estava de pé no meio da cozinha, meio de costa para a entrada da mesma, meio que para se esconder caso alguém resolvesse entrar naquele ambiente. Estava de frente para o armário com portas de vidro e por um instante viu o seu reflexo, perdido ali. Pensou: Meu pobre, você não passa de uma criança faminta. Não se reconheceu ali. Não era ele. E jamais seria.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

nENEM , tá lokooooo...

Novo Exame Nacional do Ensino Médio : mais um caso de até parece que ia dar certo.

Puta merda! Não sei porque eu ainda insisto

Sabe de uma coisa? As vezes eu acho que insisto em fazer certo porque sou uma idiota. farei um resumo da semana:

Segunda: É um dia nojento, nem precisa nada dar errado pra ser uma dia bosta.
Terça: Quebrei todinha a parte de cima do meu aparelho, cheguei super tarde em casa e acabou meu ultimo tostão furado.
Quarta: Acordei com o braço direito praticamente inutil, Levei uma bronca memorável no hospital das clínicas, sai de lá com uma dieta rigorosíssima e fui chamada eufemísticamente de gorda
Quinta (hoje): Resolvi fazer a light saudável e enchi minha marmita de couve, mais couve do que arroz e feijao, mais cheiro do que gosto e adivinhem só...? a couve azedou. to com fome e não posso comer mais nada!!

lindo né?

Lá no íntimo... Bem lá...perdido

Tô tão intimista hoje.
Quase uma Clarice Lispector. Só que menos blasé.
Ela vem subindo a rua
Ela vem imaginando uma solução
Ela anda no mundo da lua
Ela anda na sua solidão

Sonhos perdidos no tempo
Para onde o vento irá soprar
Ela quer entender o momento
Talvez seja a hora de repensar

Não há mais porque não acreditar
Não há mal nenhum em se deixar levar

Flashback #3 [G.]

Eu te amo.
Hum...
Fala alguma coisa!
O que eu deveria falar? Que te amo também? Ainda não é a hora.
...
Quero viver pra sempre com você.
Pra sempre é muito tempo. Você fala isso agora e depois esquece.
Não! Eu tô falando isso de verdade. E sabe, adoro essa sua cara de bravo.
Eu sei. Eu sou muito bravo.

Flashback #2 [R.]

Estava sentado na área externa do metrô, impaciente com o atraso alheio. Suspirou fundo, olhou o relógio e viu que já passava das 19:00. Estava com muita dor de cabeça. Queria ir para casa e não queria estar ali e muito menos ver a pessoa que estava para chegar. Não estava irritado, tampouco com raiva da pessoa. Só não queria vê-la. Continuou ali sentado, até que avistou ao longe a pessoa em questão chegando sorridente. Não devolveu o sorriso e perguntou: Trouxe o pen drive?. O outro entregou o aparelhinho pequeno. Ficou olhando com cara de cu e disse que estava cansado e queria ir embora. O outro disse para ficarem e jantarem juntos ou fazerem alguma coisa. Não quis. Virou as costas e foi pra casa, cansado. O outro ficou lá...olhando ele ir embora. Quando já estava dentro da estação, se arrependeu de ter ido até lá e queria voltar. Pensou que o outro iria atrás dele. Esperou um pouquinho como quem não quer nada e ficou lá de bobeira. Mas o outro não voltou. Acabou.

Flashback #1 [F.]

Deitado no sofá, ainda de cueca e vermelho - consequência de algumas horas de sexo - assistindo ao programa do Jô Soares. O outro estava sentado no computador, já devidamente vestido, fazendo trabalho de faculdade. Estava cansado de assistir Jô Soares, estava monótono demais. O silêncio predominava naquele apartamento vazio. O que se ouvia era apenas o som do teclar do mouse e vozes vazias vindas da TV. Um calor repentino surgiu-lhe e ele sentiu vontade de abraçar o outro. Desligou a TV, levantou e puxou uma cadeira. Abraçou-lhe pelo pescoço e ficou observando o outro trabalhar atentamente. Nada se dizia, nada se ouvia. Apenas respirações ritmadas.
Já passava da meia noite e nenhuma luz estava acesa naquele lugar, exceto a claridade que saía do monitor.

O rato morto

O cachorro corria pela sala, exibindo um rato morto pendurado pelo rabo. Uma mulher estava encostada na parede olhando com repulsa para aquilo. Em tom de reprovação fez um gesto para o cachorro entender que ele deveria sair dali com aquela coisa. O cachorro olhou com ar de piedade e largou o cadáver do animal no tapete persa que decorava a sala pequena. A mulher olhou em volta, inutilmente a procura de alguém para ajudá-la naquela situação nojenta. Sozinha como era, impossível seria tal ação. Estava tão acostumada a ser assim, que ainda se admirava quando tinha reações incondizentes com a sua solidão. Na sua geladeira havia potinhos de coisas pequenas, pedaços de bolos solitários e em embalagens individuais, frios estragados e uma caixa de leite azedo. Olhou para o telefone e pensou em digitar o número dos bombeiros e implorar para que lhe tirassem aquela criatura de sua imaculada sala. Achou que seria ridicularizada por fazer isso.

Pensou em deixar o pequeno defunto ali na sala...sozinho. Pensou até em inutilizar aquela sala e talvez jogar uns jornais em cima do pobre defunto, afim de não precisar visualizar aquela cena nojenta.

Não havia nada a ser feito. Ela não tinha amizade com vizinhos, ela não tinha ninguém. Ela só tinha a sua solidão.

Sentou numa cadeira que estava aleatória na cozinha, cobriu o rosto com as duas mãos, como se tivesse tentando esconder uma fraqueza e chorou. Chorou não pelo fato de ter um rato morto na sua sala. Mas pelo fato de ser sozinha. Não tinha nada e nem ninguém, só um rato morto sobre o tapete persa de sua sala.

Estou aqui...e pretendo continuar

Ando sem vontade de escrever nada. Minha vida está tomando um ritmo novamente, e tem tanta coisa boa acontecendo, mas ainda assim eu ando com tanta preguiça de escrever sobre isso.Andei pensando sobre as minhas metas e sobre tudo o que eu quero de verdade. Cheguei à conclusão de que está tudo em minhas mãos e só depende de um pouco mais de força da minha parte. Coisa que eu luto para ter todos os dias. Sou uma pessoa triste por natureza, devo lutar hora a hora para vencer isso. Todos os dias é um sacrilégio levantar e ter que pensar em encarar um dia todo, quando o que você quer é só ficar na sua cama de janela fechada sem ver nenhum ser humano. Um dia todo é muita coisa, são vinte e quatro horas em que eu estou sujeito a sofrer e me machucar. Talvez formar até mais cicatrizes do que já tenho. O mundo pode mudar em vinte e quatro horas. Mas depois me lembro que tem pessoas que precisam de mim no trabalho, da minha família, dos meus amigos, do dãnilo. E é isso que me dá forças pra encarar a claridade lá fora.Quando estou em um dia bom eu levanto rapidamente, me visto da forma que mais me agrada e visto um sorriso por cima do meu rosto de pedra e caminho pra vida. Quando estou num dia mal eu simplesmente levanto, me visto com a primeira peça que eu vejo - independente de ela ser xadrez com bolinhas - e vou com o meu rosto inexpressivo. Eu sempre tive o poder de decidir como quero que o meu dia seja. Quando estou mal, eu que escolho estar mal.
O que seria uma vida ideal?Uma vida ideal para mim seria morar em um lugar legal, ser independente de qualquer pessoa e poder fazer aquilo que eu tenho vontade a hora em que eu tenho vontade. Não preciso de muita coisa. Sou acostumado a viver com pouco, já que sempre tive que arrancar do mundo tudo o que eu quis. Nunca fui invejado por nada e nunca ninguém me bajulou por nenhum motivo. Pessoas inseguras que precisam de aprovação alheia, justamente por nunca ter experimentado esse gostinho. Agora faz sentido não?Queria ser mais feliz. Queria saber reagir melhor às coisas que a vida me oferece. Quando algo de bom me acontece eu fico ali parado, admirando aquilo com um sorriso débil e me esqueço de que eu preciso manter aquilo. Isso é muito difícil. Mas nada que uns bons anos não me ensinem... Estou disposto a encarar os desafios da vida e eu só quero permanecer equilibrado por bastante tempo. Estou feliz comigo mesmo. Aos poucos a sombra daquele menino carente tem ido embora.