Carta direcionada a um filho da puta qualquer

Tudo o que existia entre nós acabou. Tudo. Nada mais existe e somos quase como dois desconhecidos. Ainda não vi você, depois do grand finale. Não sei qual a sua aparência atual, não sei o que faz, não sei mais nada sobre você. E eu achava que conhecia-o muito bem. Talvez eu realmente conhecesse. Sei que você é carente ao extremo, sei que você sente necessidade de elogios, sei que seu ego é diminuto, mas você finge que não é. Queria poder ser aquele que te entenderia. Queria que você me permitisse ser seu protetor. Mas não me foi permitido esse direito. Tudo bem, eu não me importo. Mesmo, não me importo mais. Pensei e pensei e concluí que não sei cuidar nem de mim, não sei me relacionar nem comigo mesmo, diga lá com um canceriano sentimentalzinho. Você foi um babaca, tenho que admitir. Me fez eu sentir como se eu fosse um lixo (eu estou rindo aqui), quando as suas palavras eram contrárias a isso. "Eu gosto de você e quero te levar comigo quando eu for embora", eu cegamente acreditei. Custei a acreditar - sou do tipo de pessoa que desconfia da atenção que lhe é dada - mas no fim acreditei. E quando acreditei, você me fez perceber o quão cuzão você é. Talvez você se sentiu atráido por mim, justamente por ser inacessível. Traz o desafio junto, as pessoas gostam disso. Eu sempre disse que eu não passava de um garoto triste e você insistiu em continuar tudo, mesmo assim. Se eu soubesse teria me mantido quieto no meu canto. Teria evitado tanta coisa desagradável. Sempre dizem que quando o diabo dá, ele tira e rouba o dobro. Você me encontrou em uma fase ruim e triste da vida, me deixou e eu fiquei pior ainda. Se formos contar, esse relacionamento só me fez perder. O pouquinho do ego que eu tinha, se foi. Eu sabia que essa hora iria chegar, para ser sincero nunca confiei 100% em você. Ainda não me esqueci que quando você me conheceu pela internet, ainda estava namorando. E não esqueci também que você estava conhecendo outro cara, enquanto falava comigo e largou o mesmo, por minha causa, segundo você mesmo. Não esqueci das coisas bonitas que me falou no dia em que nos conhecemos, e de quando na semana seguinte você foi lá e transou com outro. Dói. Ainda dói. Eu jamais deveria ter começado qualquer coisa com você. Você não vale nada - essa é a minha opinião sobre a sua pessoa - e não me merece. E olha que eu nem sou tão grande coisa assim. Para você ter noção do quão baixo você é. Não quero ser seu amigo, como você propôs. Não quero nada de você.

E não quero te ver nunca mais. Só se eu estiver numa posição melhor e fazer você se sentir humilhado.
E digo mais, se eu soubesse teria te metido um monte de chifre, que é o que você merecia. Eu tive zilhões de oportunidades de te chifrar, imbecil. Mas me mantive limpo e de cabeça erguida. Lembro-me daquele dia no motel que eu estava com você e o meu celular tocou com a chegada de um sms e vi que era de outra pessoa (mais bonita do que você) me chamando para sair. Eu fingi que era uma mensagem do meu pai. Se soubesse teria largado você lá e ido para onde eu seria melhor recebido. Ou mesmo daquela vez que eu marquei de sair com outra pessoa e desmarquei de última hora por que eu não queria trair. Queria me manter puro nesse relacionamento de merda. De que adiantava? Eu vivia sozinho mesmo. Grande bosta. De certa forma, te devo profundos gestos de agradecimento. Por me fazer ver que o mundo está repleto de pessoas ridículas como você. E sabe, sempre odiei esse seu jeitinho posado de indie cult. Você não é nenhuma coisa e nem outra. Até eu que sou eu, sou mais indie e mais cult do que você. Ou você achava que seus óculos de aro grosso já te deixavam mais cult só de usá-los? Pfff...Ah! Lembra daqueles bilhetinhos que trocamos no bar, no dia em que nos conhecemos? Então, queimei-os ontem com a ajuda da minha amiga, a qual eu beijei e pensei: ela beija melhor do que você, seu babaca! Engraçado que eu guardo coisas de todos os meus relacionamentos, mas as suas coisas eu achei melhor jogá-las fora. Não quero me contaminar com coisas que tenham vindo de você. E quer saber de mais? Seu amigo é horrível e tem cara de baianinho wanna be fashion (coisa que você também é) e todas as minhas amigas riram dele. Mesmo que você não tenha tido nada com ele, nem quero mais saber, quero que vá lá e dê o cu para ele. Só pra fazer valer o que eu pensava. Agora tudo se encaixa, lembra daquele dia na starbucks que eu disse, brincando, que eu sabia tudo o que você fazia na balada e que eu tinha as minhas fontes? Lembro que você ficou disfarçando, mas estava desesperado, eu percebi. Sinal de que você devia. Grande bosta, você não foi a única pessoa a fazer isso, não se considere tão especial assim. Até eu já cansei de fazer isso, se você quer saber. Talvez seja por isso que me apareceu você, para me fazer pagar pelos meus pecados e fazer valer cada pessoa que eu fiz sofrer. Seu cretino. Que eu nunca te cruze na rua. Não, nem sou desses de bater. Sou daqueles que preferem um bom desprezo. Ah, você é qual? Eu vou te dizer, se um dia me parar na rua. Que eu sei que não vai acontecer.

É, eu não deveria ter me dado ao trabalho de me apegar a você. Eu ainda tinha chances de acabar com tudo antes mesmo de começar, porque isso demorou a acontecer.

ps: você ficou horrível com aqueles óculos ridículos. Sim, eu disse que tinha ficado legal.
Menti.